A confissão com o Padre Pio, num desses dias, foi mais longa que habitualmente; o Padre disse-me muitas coisas, entre elas avisou-me que não fosse a Roma passar o fim do ano, mas sim a Bolonha e acrescentou: «Em 1968 vamos ter muito que fazer...não há tempo a perder... etc.». Para minha grande alegria, fez-se luz sobre as palavras que me disse durante essa confissão.
De facto, na noite de 8 para 9 de Abril de 1968, dia do meu 42º aniversário, deu-se o início da REVELACÃO: o Padre começou a inspirar-me as páginas do “Caderno do Amor”. Nos fins de Abril fiz-lhe chegar às mãos uma cópia manuscrita do 1º “Caderno do Amor”, que Ele definiu como “TESTAMENTO-PROMESSA de GRAÇAS” que se darão, pelo espírito destas palavras, ao espírito do homem que as queira acolher com todo o amor do seu coração». Encorajou-me a publicá-lo o mais depressa possível e a fazê-lo chegar até ao Santo Padre, à hierarquia eclesiástica e ao mundo.
No dia 25 de Maio de 1968 celebrava-se em St. Louis, nos Estados Unidos, uma grande festa em honra do Sagrado Coração de Jesus. O Padre Pio queria enviar para essa data o “Caderno do Amor” e disso tinha encarregado um seu fervoroso filho espiritual, o célebre compositor e maestro Alfonso d'Artega. Por motivos que me são desconhecidos, o maestro não pôde partir e o “Caderno” não chegou à América na data prevista. O Padre ficou muito desgostoso pois afirmava que as palavras do “Caderno” eram uma PROMESSA DE GRAÇAS DO CORAÇÃO DE JESUS oferecida a um mundo sem paz.
Em Roma, em Junho de 1968, os meus caríssimos amigos Ugo e Cecilia Ammassari e Michele Famiglietti, publicaram a PRIMEIRA EDIÇÃO DO “CADERNO DO AMOR” desprovida de prefácio.
Foi-me isto muito útil pois o Padre Pio aconselhara-me que o difundisse o mais rapidamente possível em Roma; a causa de tanta pressa iria conhecê-la muito brevemente. Uma noite, fui convidado pelo Engenheiro P. Gasparri para apresentar em sua casa, a 1° edição do “Caderno do Amor”, a um escolhido grupo de pessoas; foi então que uma senhora, muito a par da vida religiosa da Capital, ao examiná-lo, se maravilhou pelo meu apaixonado amor ao Imaculado Coração, pois acontecia que, exatamente na mesma altura, alguns eclesiásticos tinham proposto que se suprimisse das Igrejas a devoção e as Imagens do Sagrado Coração. Afirmavam que uma tal devoção, cuja origem datava da época Jansenista, já não era necessária.
Pouco tempo depois, também um outro caro amigo e igualmente filho espiritual devoto do Padre Pio, o Primo Caponcelli, de Decima de S. Giovanni in Persiceto, tinha assumido o encargo de mandar publicar a segunda edição do “Caderno”. Pessoalmente, tinha entretanto insistido junto do Padre Pio para retirar algumas passagens e editá-lo anonimamente, ao que o Padre respondera:
«Não deves tirar nenhuma palavra, e porque é que deverias publicar uma edição anónima? Edita-o em teu nome, insere algumas fotografias e o prefácio».
Na realidade, a Segunda Edição publicou-se em versão integral, com um breve prefácio e tirada em grande número de exemplares, no mês de Agosto de 1968, a cargo da “Casa Editrice Istituto Padano di Arti Grafiche di Rovigo”.
Pela ocasião do 50° aniversário dos Sagrados Estigmas, que ocorreu a 20 de Setembro, o Primo Caponcelli organizou uma peregrinação de jovens a S. Giovanni Rotondo para agradecer e festejar o Padre Pio.
Tinha levado muitos exemplares do “Caderno do Amor” para os mostrar e serem benzidos pelo Padre; para além disso, na sua simplicidade de homem de Deus, pleno de fé e sem maldade, decidira e pusera em prática uma distribuição do livro entre fieis já reunidos em S. Giovanni. Mas de repente e sem motivo algum foi-lhe proibido distribui-los e finalmente até dele falar. Caponcelli, perante muitas testemunhas, defendeu com ardor, debalde, o desejo manifesto do Padre Pio.
No que me diz respeito, aconselhado pelo Padre Pio, não fora a S. Giovanni Rotondo mas a ChiancianoTerme, com o meu caro amigo Michele Famiglietti de Roma. Hospedámo-nos no Hotel S. António, aonde se encontravam igualmente nessa altura, entre outros frades e sacerdotes, o Monsenhor Giuseppe Bo e o Monsenhor Leoncelli Barsotti, de Livorno. Na manhã do dia 21, encontrei nas Termas a professora Letizia Mariani, de Bolonha, uma das minhas antigas professoras de letras, que me ajudara a preparar o exame de admissão ao Liceu, quando ainda frequentava a Escola Aldini, em 1943. Fiquei muito contente de a ver e ofereci-lhe um exemplar do “Caderno do Amor”, o que muito a surpreendeu e comoveu.
Pelas 6 da tarde desse mesmo dia, estava com o Michele nas Termas de Santa Helena quando se apresentou perante mim, Luigi, o Padre Pio dizendo: «Tenho que antecipar a minha partida para o Céu, para salvar o que ainda pode ser salvo. Aqui na Terra já ninguém me escuta, nem mesmo muitos dos que se proclamavam fidelíssimos. Não chores! Seguir-te-ei do Céu; não tiveram fé nas palavras que te comuniquei, palavras que te disse para chamares “TESTAMENTO-PROMESSA de GRAÇAS”. O que se poderia ter salvo em Junho graças ao Testamento-Promessa já não se pode hoje (Setembro de 1968) salvar. Os escritos servirão igualmente para o bem de alguns indivíduos».
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